A invenção do Nordeste

Da Redação

8/10/2024

Nós nos acostumamos, tanto no cinema, no teatro, em séries ou em novelas. A imagem do nordestino em seu habitat quase sempre é a do retirante pobre, que “fala errado”. Mas intelectuais, artistas, políticos destacados não fazem parte desse imaginário. 

Na literatura e nas telas eles são geralmente os porteiros, pedreiros, empregadas domésticas. Você já se perguntou o porquê disso acontecer?

A criação do Nordeste

O Nordeste nasce por volta de 1920, junto com a criação do departamento de obras contra a seca – que começa sendo um lugar entre o Norte e o Leste do Brasil a carregar um campo de significados. 

Nessa narrativa, o Brasil precisa se ‘endividar’ para salvar “aquele povo”. E o imaginário brasileiro, principalmente do Sul e Sudeste, começa a carregar as tintas de algo que vemos até hoje: a xenofobia

A Xenofobia continua na migração

A grande descoberta da conterraneidade nordestina não se dá no Nordeste. Ela acontece quando essas pessoas se transformam em migrantes na região Sudeste. 

É nesse momento que o nordestino é visto como nordestino. 

Ele deixa de ser pernambucano, piauiense, cearense…  E se torna o “Paraíba” para os cariocas ou o “Baiano” para os paulistas. 

Os primeiros povos a migrar, há cerca de 100 anos, são os baianos. É nesse momento que nascem os primeiros estereótipos e preconceitos, provenientes também de raça. São Paulo começa a se transformar em uma capital que recebe imigrantes do mundo inteiro, dos italianos brancos aos japoneses amarelos, em sua maioria pobres. Mas é o povo nordestino que constrói suas bases. O povo nordestino que migra é majoritariamente preto. 

Antes da BR-116

Antes, os nordestinos saíam de suas cidades e interiores em direção a Petrolina. De lá, pegavam um navio-gaiola e desciam até Pirapora, Minas Gerais. De Pirapora, havia uma linha ferroviária que descia para Rio de Janeiro e São Paulo. Já na década de 1930 foi criada a estrada que liga o Rio Grande do Sul ao Ceará: a BR-116.

Territorializar as memórias, encontrar espaços de convivência, profissões semelhantes, criar redes. Quem chega primeiro se transforma em vetor para a chegada dos demais. É na vinda do irmão, da prima, do tio, que há a migração. E ela acontece quase sempre com um apoio, um acolhimento, uma cama pra dormir e um teto pra abrigar quem chega. 

Novas Narrativas

Hoje as pessoas do Nordeste reivindicam, com razão, outras narrativas: melhor representação e menos xenofobia.

Contra a fuga de cérebros, maiores possibilidades de prosperar e uma sociedade menos machista e preconceituosa

E acima de tudo, o fim da xenofobia histórica contra nordestinos no Brasil.

Da Redação

Equipe Pronto Jornal.