Pedro Philippe FS.
19/3/2024
Maria José Lisboa da Cruz gostava de rabiscar as paredes da casa, sem fazer ideia de que fazia arte. Depois de plantar macaxeira, quebrar brita em pedreira e varrer as ruas, o ofício dela hoje é de pintora, reconhecida e admirada.
Roxinha é nascida e criada no distrito de Lagoa de Pedra, na cidade de Pão de Açúcar, onde ela mora até hoje. A cidade também abriga a Ilha do Ferro, conhecido ponto turístico para quem quer se banhar no Rio São Francisco. Para além dos passeios, o distrito de 500 habitantes é um celeiro de cultura popular e artesanato. Bordadeiras, escultores e pintores fazem o nome da cidade ser uma reconhecida terra de artesãos. Só pode ter alguma coisa na água!
O Museu do Pontal, no Rio de Janeiro (RJ), expôs no ano passado o trabalho ‘Roxinha, uma vida de novela’, a primeira exposição da artista. Foi também a primeira vez em que ela viajou de avião, para ir ao Rio ver suas obras no museu.
No mês que vem, Roxinha Lisboa estará também na mostra SP Arte.
“A obra de Roxinha nos fala de suas visões do amor e do afeto, a partir de sua perspectiva de mulher contemporânea. Ela desconstrói estereótipos sobre o papel da mulher e o pretenso isolamento da vida nos ambientes tradicionais e rurais. Suas pinturas, bem-humoradas, falam de suas vivências cotidianas, nas beiras do rio São Francisco, nas quais se incluem seu fascínio pela televisão, pelas novelas e pelas mudanças dos costumes”
Angela Mascelani, diretora do Museu do Pontal e curadora da exposição ‘Roxinha, uma vida de novela’
No lançamento da 20ª edição da principal feira de arte e design da América Latina, a SP Arte publicou uma lista de “10 artistas para ficar de olho em 2024”.
Roxinha Lisboa está na lista, ao lado de outros jovens artistas brasileiros.
“Hoje, aos 66, a alagoana desenvolve uma linguagem própria narrando histórias de casais, famílias, afetos e desafetos. Em pinturas que emolduram cores vibrantes em suportes despretensiosos, Roxinha, com uma sabedoria exímia de síntese, retrata sua vida através da potência do cotidiano”.
Julia Cavazzini, curadora do Instituto Tomie Ohtake, na apresentação de Roxina na lista “10 artistas para ficar de olho em 2024”