De onde vem a calçada de Copacabana?

Peu Araújo

27/9/2024

CALÇADÃO DE COPACABANA

A calçada de Copacabana é um ícone mundial. É uma imagem tão marcante quanto o Bondinho ou o Cristo Redentor quando falamos do Rio de Janeiro. Sua beleza se estende por pouco mais de quatro quilômetros, de Copa ao Leme. 

Mas, você sabia que ela foi inspirada em outra calçada e não é a única a ter esse design aqui no Brasil?

LARGO DE MANAUS

Bem longe da orla carioca, em Manaus, uma calçada idêntica também enfeita a cidade. Se a versão carioca faz alusão ao mar, a versão manauara simboliza o poético encontro das águas escuras do Rio Negro com as águas claras do Rio Solimões, que deságuam depois no Rio Amazonas. 

QUEM VEIO PRIMEIRO?

A de Manaus. As ondas que compõem a calçada que fica no Largo de São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas, começaram a ser projetadas na década de 1860. O contrato de execução do trabalho foi publicado no Diário Oficial de 29 de outubro de 1899, conforme o livro História do Monumento da Praça de São Sebastião, de Mario Ypiranga Monteiro, e a obra entregue em 1901.

A versão carioca foi entregue poucos anos depois, em 1905. Mas ela também não é original. 

REPARAÇÃO HISTÓRICA?

Se os portugueses vieram ao Brasil e levaram um bocado de nossas riquezas, pelo menos ficamos com a calçada de lajota mais famosa do mundo. 

Anos antes das calçadas em homenagem aos rios Negro e Solimões e ao mar de Copacabana, Portugal construía a primeira com lajotas, obviamente, portuguesas. Foi em 1848 que o calçamento em formato de ondas começou a enfeitar a praça Dom Pedro IV, mais conhecida por Rossio, em Lisboa, Portugal.

O desenho homenageia o encontro do Rio Tejo com o Oceano Atlântico.

VERSÃO BRASILEIRA

Na época da criação do Largo de São Sebastião, em Manaus, a cidade vivia um grande momento e era o centro das atenções pela extração da borracha. Foi nessa época que as lajotinhas foram trazidas da Europa. 

Já em Copacabana, a história teve duas etapas. Na primeira delas, as lajotas que vieram de Portugal foram colocadas de maneira perpendicular à praia. Depois de uma grande ressaca, na década de 1920, as águas destruíram a calçada e ela foi reconstruída da forma como conhecemos hoje.

MAIS LAJOTINHA PORTUGUESA

Mas não é só Manaus e Rio de Janeiro que ostentam as curvas de rio e mar. Os ladrilhos em movimento também estão na Praça dos Girassóis, em Palmas, no Tocantins. São Paulo também sua versão, com o mapa do estado representado com bem menos curvas que a fluidez dos rios ou do mar. 

E você, já viu a lajotinha portuguesa em outro lugar? Conta pra gente!

Peu Araújo

Jornalista, diretor, diretor de conteúdo, roteirista, pesquisador, colecionador de discos e DJ. Como repórter, atua há quase 20 anos com colaborações e passagens por grandes redações. No audiovisual, fez a pesquisa para a série Em Nome de Deus, da Rede Globo. Fez direção de conteúdo para a série Guga Por Kuerten, prevista para o lançamento em 2024 na Disney / Star+. Fez direção e roteiro do documentário Nocaute: Golpes de Uma Tragédia, para UOL Play, entre outros trabalhos. É também pesquisador de música brasileira e diretor musical.