Ideia de rolê: vamos todos numa rezadeira

Pedro Philippe FS.

1/10/2024

De Norte a Sul do país, rezadeiras e benzedeiras se tornaram figuras espirituais e místicas presentes nas famílias.

Surgidas num tempo em que o acesso à saúde era precário (nem a penicilina existia ainda!), e curiosamente atrelada a uma religião como a católica, onde prevalece a atuação de guias espirituais masculinos.

A prática da reza com folhas surgiu da mistura das orações católicas com as crenças indígenas. Acredita-se que as ervas absorvam o mal que a pessoa carrega e a cura venha. 

“O que é de remédio, é de remédio. O que é de médico, é de médico. E o que é de reza, é de reza”, costuma dizer a sabedoria popular das benzeduras.

Na lista de males que podem ser curados, estão não somente as doenças e o clássico mau-olhado (que não pode ser resolvido pela medicina tradicional), mas também muitos incômodos de nome estranho: espinhela caída, peito aberto, nervo triado, quebranto e monturo.

Além de recitar alguns benditos e balançar um ramo de aroeira na pessoa, a rezadeira volta e meia tem um recado para passar.

Seja a solução de um mistério, uma mensagem tranquilizante, um direcionamento para uma decisão a ser tomada, o conselho vem sem que a mulher conheça nada da pessoa na sua frente - e é assustadoramente acertado.

As rezas e bênçãos não substituem a ciência - é óbvio! -, mas com ajuda de um Creio em Deus Pai e um Pelo Sinal da Cruz, dá para afastar males que a medicina ainda não combate, como a inveja.

Enquanto a benzedeira age no sobrenatural com as palavras e no máximo um terço, um rosário ou uma cruz, a rezadeira usa ervas medicinais, água, óleos e, também, palavras de poder.

E você? Já foi numa rezadeira esse ano?

Pedro Philippe FS.

Jornalista e podcaster do sertão do Cariri cearense