Já ouviu falar no Piroski?

Da Redação

12/8/2024

LANCHOS
Quando o assunto é diversidade cultural no quesito lanches, o brasileiro com certeza está anos-luz à frente de qualquer um. Esses dias ouvimos que, se profanar comidas estrangeiras fosse esporte olímpico, o Brasil seria medalha de ouro. Bom, não deixa de ser verdade. Vamos lembrar de alguns ótimos exemplos de “brasileirizações” que fizemos por aqui? Pizza, sushi e hot dog são apenas alguns famosos da lista.

CRIA DA RÚSSIA

Grafado originalmente como Pirozhki, esse é um salgado típico russo, mas popular também em outros países da Europa Oriental. Ele é um tipo de pãozinho ou pastel, recheado com carne ou vegetais, e pode ser assado no forno. E é aí que entram as mãos de ouro do brasileiro, que transformam as comidas de outros países em iguarias nacionais incomparáveis. De alguma forma, o Piroski saiu da Rússia e virou lanche vendido nas ruas e nos carrinhos na frente dos colégios de Belém, no Pará.

Mas, como é que uma comida inventada na Rússia viajou até o Pará?

O historiador Michel Pinho aponta que não há um movimento migratório russo para Belém. Mas, no início do século 20, a cidade recebeu imigrantes de muitos países pela exportação da borracha. Será que foi aí que a paixão pelo Piroski começou?

ANTES, UMA PARADINHA NO SUL

O curador gastronômico Marcos Médici acredita que o salgado chegou ao Brasil pela região Sul, com imigrantes russos e ucranianos. Mas, o que existe por lá é um pouco diferente. Chamado de Pierogi, esse pastel é cozido e depois frito.
Famoso na Polônia e Ucrânia, pode ser recheado com batata, carne moída, queijo e até frutas. O Pierogi faz sucesso nas cidades do Paraná e de Santa Catarina com imigração desses países.

“Só que ele não é trazido pra cá por esses imigrantes. Além disso, os filhos e netos deles só vêm pra Amazônia por outros motivos, e Belém estava fora da rota da maioria deles. O que eu imagino é que foi uma das coletâneas em revistas da década de 1980, com matérias de cozinha mencionando o salgado, que fez ele surgir por aqui. E assim ele foi abrasileirado, passou a ser frito e perdeu a massa tradicional de pão para ganhar uma massa similar à da coxinha.”

Marcos Médici

curador gastronômico do canal Nerd da Culinária

MISTURA SEM PRECEDENTES

É claro que, além da alteração da massa e da possibilidade de ser frito, temos outras mudanças que só o brasileiro sabe fazer. O recheio, que originalmente é de carne ou vegetais, pode ser até frango com catupiry, camarão com jambu e outros sabores. 

“Quando eu era criança, minha mãe trabalhava numa loja perto da Praça Brasil. Bem na frente tinha o melhor piroski do mundo. Na faculdade também era uma tradição comer no intervalo das aulas, na correria de um estágio para o outro. Esse salgado está presente em todas as fases da minha vida. É o meu favorito, sem dúvida. Sou apaixonada e até aprendi a fazer para tentar reproduzir em casa, de tanto que eu gosto. A cidade inteira tem referências nesse salgado.”

Gabriela Almeida de Oliveira Esteves, enfermeira 

E você, já experimentou o Piroski? Conta pra gente!

Da Redação

Equipe Pronto Jornal.