Nunca mas eu bebo (durante o mês de Março)

Pedro Philippe FS.

28/3/2024

Tem um pouco de jeitinho brasileiro e um pouco de tradição nisso.

Os gringos fazem o DRY JANUARY, isto é, um “janeiro seco” pra passar o primeiro mês do ano sem botar uma gota de álcool na boca.

Porém, os gringos não têm uma coisa chamada PRÉ-CARNAVAL, que é inadiável e inevitável, então não dá pra a gente prometer que vai passar janeiro inteiro sem beber. Sorry.

O ano só começa de verdade depois do carnaval, isso já é do conhecimento (e aprovação) de todo mundo. Por isso, nosso mês sem cervejinha, claramente ficou pra depois também. Começando em março.

Coincidência ou não, a quarta-feira de cinzas também traz a quaresma, que faz parte do calendário católico e se refere a 40 dias de penitência e jejum - não especificamente de comida, mas de algo que você gosta muito ou que seja prejudicial, do qual você vai abrir mão como uma ligação de fé com os dias de tentação de Cristo no deserto.

Não sabemos se é a quaresma ou é porque todo mundo se encontra em estado coletivo de liseira após tanta viagem e festas nos últimos meses…

Mas o março seco encontrou muitos adeptos, até entre aqueles que nem estavam planejando ficar abstêmios.

Ninguém falou que ia ser fácil. Mas, superada a tentação, só tem vantagem:

Melhor rendimento na academia e nos esportes: todo mundo já tá se preparando pro projeto verão 2025 - e não ter ressaca ajuda muito no treino, né?

Mais uns anos de vida: um consumo mesmo moderado de álcool pode aumentar a pressão arterial e causar danos ao coração.

É bom dar férias ao guerreiro fígado: mesmo que a cirrose seja um risco distante, dar um tempo pro fígado se recuperar cai bem.

Economizar dinheiro: Esse argumento vai lhe ganhar, a gente sabe!

Não dá pra negar. Quem não bebe, gasta bem menos nos rolês.

Não vai parar de beber coisa nenhuma?

ENTÃO NÃO ENCHA O SACO DE QUEM DEU UM TEMPO NO COPO

Respeita a amiga que está sem beber, não faz muita pergunta, não insiste!

Aliás, por que isso te incomoda tanto?

Uma pesquisa realizada pelo Ipea no ano passado apontou que 75% dos brasileiros que bebem com bastante frequência, na verdade, dizem beber com moderação.

O conceito de “beber socialmente” é bastante indefinido. Então, se a abstinência trouxer um incômodo maior do que aquela vontade de abrir uma cervejinha ao fim da semana, é bom ficar ligado e talvez procurar a ajuda de um médico.

Todo mundo que gosta da água que passarinho não bebe, em alguma altura da vida, pensa em dar um tempo na birita e tentar curtir os rolês sem precisar do impulso de ânimo que o álcool dá.

Passar esse mês sem beber pode nos ajudar a repensar nossa relação com o álcool, a frequência dele e a quantidade que ingerimos pra ficar felizinhos na festa.

E fica aquela pergunta com a qual todo mundo se depara: eu preciso disso pra me divertir?

Pedro Philippe FS.

Jornalista e podcaster do sertão do Cariri cearense