Peu Araújo
12/9/2024
SEGUNDO MELHOR AMIGO DO HOMEM
A imagem do jumento está muito ligada ao imaginário do interior do Brasil, principalmente no Nordeste. Aquela cena clássica do bichinho carregando uma cesta de cada lado, andando um pouco cabisbaixo à espera da próxima carga está presente no cinema, na literatura, na música. Mas esse ícone popular está com os dias contados.
O JUMENTO ERA O NOSSO IRMÃO
O jumento era o meio de transporte, era quem transportava a carga, era parte do cenário. Se você fosse a uma feira livre, era comum ver uma fila de jumentinhos parada do lado de fora. O Brasil mudou e o interior viveu os avanços que fizeram com que, no início dos anos 2000, com um poder de consumo mais alto das classes menos abastadas, o jumento fosse trocado pela moto.
E ONDE FOI PARAR O JUMENTO?
O jumento passou a ser associado a um Brasil antigo, ao atraso, e os animais foram abandonados. Nunca foram vistos como pet, não têm mais serventia na lida, então o bichinho, que era quase da família, ficou à própria sorte por aí. E isso não é o pior que pode acontecer a eles…
O JUMENTO NÃO ERA NOSSO IRMÃO?
A partir de 2017, os jumentos passaram a ser abatidos num acordo comercial com a China, que usa o colágeno da pele do jumento para produzir o ejiao, um remédio da tradicional medicina chinesa que ajuda até na impotência sexual. Em 2021, o Ministério da Agricultura divulgou que, em média, 6 mil jumentos eram abatidos por mês no Brasil. Jumentos, jegues, burros e asnos, os asininos, diminuíram em 62% sua população entre 2017 e 2022.
CAÇA AO JUMENTO
Esse abate de jumentos gerou uma demanda de mercado. E o animal, que antes auxiliava na labuta do pequeno produtor, passou a ser um item cobiçado, principalmente no Nordeste. O abate dos jumentos tem movimentado a economia em diversas cidades do interior e levantado uma questão importante: o jumento pode entrar em extinção.
HÁ UMA LUZ?
“Nossa ideia é gerar pesquisas e conhecimento na área de agricultura celular para gerar renda, impostos e trabalho com o fornecimento de colágeno sem o abate animal. Será um avanço porque você tem um estoque de jumentos limitado: na hora que acabar com ele, acabou o processo”
Vanessa Negrini, coordenadora do Departamento de Direitos Animais do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima em reportagem o UOL publicada em junho de 2023.
Chame como bem entender: jumento, asno e jegue são nomes diferentes para o mesmo animal, o Equus asinus, um parente menorzinho do cavalo. Conta pra gente. Você tem alguma memória com um jumentinho?