Peu Araújo
15/8/2024
Maragogipinho
Moldada no barro, Maragogipinho é uma cidade que se desenha com pouco mais de 3.000 habitantes e 200 olarias. Fica em Aratuípe, na comarca de Nazaré das Farinhas, no poético Recôncavo Baiano. Nesse pedacinho de Brasil há o maior polo cerâmico da América Latina, um lugar que se modela economicamente no trabalho artesanal, no mangue, na caça e na pesca de subsistência.
A cerâmica de Maragogipinho é muito mais do que barro queimando em altas temperaturas. É a prova diária dos saberes afro-indígenas, é uma ancestralidade que a cidade teima em não esquecer. O processo começa com os barreiros, que encontram o melhor material. Passa pelos amassadores, que pisam o barro. Encontra os empeladores e chega aos mestres. Depois disso, a cerâmica encontra as brunideiras, que fazem o polimento e a pintura da peça para a queima.
Almir Lemos
Um desses mestres da cerâmica é Almir Lemos. Ele ganhou notoriedade na alta roda das artes quando Adriana Varejão visitou Maragogipinho e se deparou com sua obra. A artista plástica famosa o descreveu assim: “Um artista da cerâmica muito sensível, extremamente sofisticado e comprometido com sua pequena produção”.
“Não dá pra definir em poucas palavras, a cerâmica é vasta. É feita por cada um e há centenas de anos aqui na região. Há uma variedade enorme de conhecimento e períodos, por exemplo, o trabalho do meu avô foi único, o trabalho do meu pai foi único. Não dá pra definir a técnica, o tipo de argila, o tipo de queima.”
Almir Lemos
Museu Digital do Barro de Maragogipinho
Lançado em março de 2023, o Museu Digital do Barro de Maragogipinho reúne um riquíssimo conteúdo e mantém viva a tradição dos oleiros da região. Com fotos, vídeos, mini documentário que mostra como se faz a cerâmica do lugar, entrevista com os mestres e muito mais, o acervo é muito bem produzido e catalogado. O site é: https://museudobarro.digital
Festival da Cerâmica Maragogipinho
Em novembro de 2023 rolou a primeira edição do Festival da Cerâmica Maragogipinho com shows de Lenine, Cortejo Afro, Sued Nunes e mais um bocado de gente. Teve também rodada de negócios, painéis e debates sobre o mercado de trabalho. Estamos aguardando ansiosamente pela programação deste ano.
Como chegar? Para quem vai de Salvador, que tem o aeroporto mais próximo, o melhor jeito é pegar o ferry boat e depois a estrada. O trajeto demora pouco mais de duas horas.
Onde comer? Quem visita o lugar indica o restaurante Visão do Manguezal, com moqueca de peixe com camarão, casquinha de siri e muito mais num ambiente simples e com ótimo preço.
Você já conhece Maragogipinho? Tem uma cerâmica de lá? Conta pra gente como foi a sua experiência!