Pedro Philippe FS.
6/5/2024
Nilzete Santos decidiu que era hora de modificar a maneira de apresentar Salvador. Em 2007, ao perceber que toda a rota turística da cidade passava por pontos que contavam a história dos colonizadores, ela viu que há histórias mais importantes e que não estão sendo contadas.
Assim nasceu a Afrotours, a primeira agência de afroturismo do Brasil.
“Eu queria traçar uma rota que não excluía o português [colonizador], mas incluía a história do povo negro e indígena. Então, a Afrotours não pretende excluir destinos, mas incluir os povos originários e os que vieram para construir o país”.
Nilzete Santos
Nilzete criou a “Caminhos dos Orixás”: uma rota para cada dia da semana, em que ela apresenta a cidade aos turistas “como um passeio normal”, como ela diz, “mas introduzindo nossa história, nossas comunidades, nossos terreiros e quilombos”.
Para cada dia, um roteiro correlacionado com o domínio de cada orixá.
Ogum, santo da terça-feira, é o orixá do ferro, que abre as portas da cidade, e dá o tema do passeio que leva ao Centro Histórico, as primeiras portas de Salvador
O caminho de Oxalá, da sexta-feira, o mais pedido pelos turistas, leva aos terreiros - com uma parada especial para assistir a uma pequena cerimônia do dia, que é o momento de fazer um ebô pra Oxalá.
Afroturismo é um termo criado há pouco tempo e que substitui as expressões “turismo étnico” e “turismo étnico-afro”.
Esta vertente do turismo cultural propõe experiências orientadas por guias negros e que passam por lugares da história e da cultura negra, dando destaque a participação negra na formação daquele local. É, por exemplo, visitar terreiros e quilombos, ouvindo relatos de pessoas negras - de forma que o ponto de vista afrocentrado seja a principal narrativa daquela história.
E, igualmente importante, fazendo a economia girar entre pessoas negras.
O afroturismo também quer ver mudanças nas propagandas de viagem. Precisamos ver mais pessoas pretas nas publicidades - para que mais pessoas pretas se vejam capazes de viajar.
Acima de tudo, o que os afroempreendedores mais querem é que o mercado turístico e hoteleiro mude internamente e aprenda a tratar turistas negros.
Em maio passado, a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) abraçou a expressão “afroturismo” e entrou de vez na causa, criando a Coordenação de Diversidade, Afroturismo e Povos Originários.
Vários afroempreendedores já são protagonistas do turismo cultural e étnico de suas cidades. Aqui vão alguns que a gente deve seguir e contratar: