Viajar: a linguagem do amor mais antiga do mundo

Do Oiapoque ao Chuí, do Leme ao Pontal, da Coreia ao Ceará, da rodoviária ao aeroporto, se tem uma coisa que o povo brasileiro sabe fazer é ir atrás de um grande amor. 

Algumas histórias se superam, como a de Ulisses, que viveu uma Odisseia de 10 anos tentando voltar para os braços de sua amada, Penélope. Ou como o Yan, que viajou da ilha de Jeju na Coreia do Sul até o sertão do Ceará para encontrar a Luísa. Três aviões e um táxi depois, se encontraram sem nem falar o idioma um do outro, somente a língua do amor.

Numa época em que os apps de namoro faturam mais que o PIB de alguns países, viver um romance à distância é quase uma viagem de primeira classe: só dá despesa, mas quem ama dá um jeito. A prova disso são as mais de 900M de visualizações da #namoroadistancia no TikTok.

Viajar para o Brasil é descobrir diversas formas de se declarar à distância: cartaz pela cidade, carro de som, Santo Antônio de cabeça pra baixo, incluindo a clássica tradição de bater ponto nos banheirões espalhados pela cidade.

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Foi o escritor Rubem Alves que disse que “Toda viagem inclui duas partes.” Pro Klecio, que viajou de Custódia - PE pra São Paulo para encontrar um crush, a viagem foi de um lado só. Ele viajou mas levou um ghosting, ficou no vácuo. Deviam ter marcado na Árvore do Amor, em Maxaranguape no RN, que dizem unir casais melhor que blind date.

Já para Pedro e Ricardo, queviajam 200km todo final de semana para se encontrar, deu super certo e podem até abrir um curso de relacionamento à distância. "Se estou na solidão pensando em você, não sei se fico aqui ou mudo de cidade", já dizia uma carta de amor encontrada por um usuário do redd

E é claro que vale uma viagem romântica consigo mesmo também. Há cinco anos, as pessoas buscam mais por "viajar sozinha" do que "viajar em casal" no Google. Uma pesquisa do Booking até descobriu que quase metade das pessoas se sentiram mais feliz planejando uma viagem do que no dia de seu casamento! Viajar sozinho é tipo ser o protagonista do seu próprio filme, do roteiro ao final feliz.

Capa do artigo: Fotografia de Jean Maconi